E agora páro o carro e uma vastidão imensa de horizontes. A estrada são duas linhas infinitas a desaparecer na aridez ao longe. Saio para o ar quente parado e o mundo suspenso a toda a volta. Subitamente, no carro, o rádio enrouquece a voz de Lucinda Williams – “I am waiting for your essence”. E é aqui que eu quero ficar - com toda esta luz, todo este silêncio. Todo este céu.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

How beautiful are these days

A mais bela canção de Natal do mundo

Sam Baker, "Days"

Women are laughing in the kitchen
Content with the house
Content with the family,
The candles, food, friends
The music
These December days
The shortest of the year
How beautiful they are
Kid's playing in front of the fire
The smell of the kitchen
Of baking bread
Fresh coffee
And for tonight cold Mexican beer
Bottles of red wine
Bottles of white wine
A beautiful table filled with food
So cold outside but inside...
A celebration
Dinner is ready they say
Come to the table
Come

These days
How beautiful...

www.sambakermusic.com/

domingo, 21 de dezembro de 2008

Tooth fairy

Subitamente a minha sobrinha. Tem quase 7 anos, linda a sorrir-me com a memória do dente que não tinha desde esta manhã - tio, estás muito giro hoje!
E então eu estava.

O dia mais pequeno do ano


Solstício de Inverno
"Este ano o Solstício de Inverno ocorre no dia 21 de Dezembro às 12h04m. Este instante marca o início do Inverno no Hemisfério Norte. É a estação mais fria do ano e prolonga-se por 88,99 dias até ao próximo Equinócio (primavera) que ocorre no dia 20 de Março de 2009 às 11h44m."
E aí temos. O dia mais pequeno do ano (menos horas de sol) marca também o início da festa da luz - vêm aí dias cada vez maiores e mais quentes e existirão para sempre os dias perfeitos que foram inventados ao longo deste ano.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Uma grande canção de Natal




Robert Earl Keen, "Merry Christmas from the Family"

Mom got drunk and Dad got drunk at our Christmas party
We were drinking champagne punch and homemade eggnog
Little sister brought her new boyfriend, he was a Mexican
We didn't know what to think of him until he sang

Felis Navidad, Felis Navidad

Brother Ken brought his kids with him, the three from his first wife, Lynn
And the two identical twins from his second wife, Mary Nell
Of course he brought his new wife, Kay, who talks all about AA

Chain smoking while the stereo plays
“Noel, Noel, The First Noel”

Carve the Turkey, turn the ball game on
Mix margaritas when the eggnog's gone
Send somebody to the Quickpak Store
We need some ice and an extension chord
A can of bean dip and some Diet Rites
A box of tampons, Marlboro Lights
Haleluja, everybody say Cheese

Merry Christmas from the family

Fred and Rita drove from Harlingen
I can't remember how I'm kin to them
But when they tried to plug their motor home in

They blew our Christmas lights

Cousin David knew just what went wrong
So we all waited out on our front lawn
He threw a breaker and the lights came on

And we sang “Silent Night, Oh, Silent Night, Oh, Holy Night”

Carve the turkey turn the ball game on
Make Bloody Mary's cause we all want one!
Send somebody to the Stop 'N Go
We need some celery and a can of fake snow
A bag of lemons and some Diet Sprites
A box of tampons, some Salem Lights
Haleluja, everybody say cheese
Merry Christmas from the Family, Felis Navidad

sábado, 13 de dezembro de 2008

Ano que vem

Acordou era a noite um mar imenso de chuva.
Sonhara com um ano de dias infinitos de sol e mesmo as nuvens seriam só penas brancas a desenhar o céu.
Teve a certeza que o vento era apenas o som do mar mesmo que só mais tarde ela o levasse a vê-lo pela primeira vez. Na névoa do olhar, lembra-se que escolheria o frio das Azenhas e um oceano de cores infinitas mesmo que tudo estivesse já decidido.
Soube que nesse ano perder-se-iam num cemitério de ventos e sombras e neve e estrada e seda e pianos e perfumes e que isso duraria para sempre.
Levá-la-ia pelas letras e descobririam canções de voz rouca e outras músicas que trariam noites quentes de lua cheia e olhares molhados provocados de certeza por qualquer coisa no ar.
Porque prometeu que era pelo ar que veriam Lisboa a vogar pelas margens do rio na tarde e no anoitecer mais perfeitos mesmo que em dias diferentes. Tão perfeitos como todas as vezes que a vai levar a ver o rio parando em todos os semáforos e desviando o olhar dos seus silêncios corados.
Irá mimá-la de palavras e sabores e plantará árvores de onde cairão tulipas em noites de lua cheia.
Jura que a quererá para sempre ver de franja e suspirará pelo mais leve espirro para poderem sorrir ao dizerem edredon.
Sonhou também que iria aprender a fazer os melhores scones do mundo e mesmo assim voltarão a ter saudades da placidez de um coreto.
E no fim das águas ensinar-lhe-á a rodopiar um copo para o vinho estar preparado para o seu sorriso.
Porque será pelo seu sorriso que atravessará planícies cobertas de estrelas até ao começo do mar. E a areia a toda a volta é apenas reflexos de clarões brancos de gaivotas no veludo do céu.
Os meses irão trazer-lhe cerejas porque deixará de existir outra fruta no mundo.
Deslumbrar-se-á por tudo o que lhe irá ler e ficará a sorrir por todas as respostas absolutas com que ela o fará apaixonar-se.
E irá nesse ano reparar nos seus ombros depois de reparar na sua face e dizer-lhe que são os mais bonitos do mundo mesmo depois de ela saber cantar “He fell in to the arms of the most beautiful girl that have ever lived in the history of the world”.
Irá talvez dar o seu primeiro beijo e, no entanto, sabe que será o melhor de uma vida.
Presume que ela irá cerrar o olhar algumas vezes e dir-lhe-á exagerado mas depois sorriem porque ela não descobrirá nenhuma mentira.
O sonho traz-lhe mesmo a certeza de todas as saudades que irá sentir e que tentará distinguir do aperto que ela lhe irá ensinar.
Como lhe ensinará, e ele aprenderá pela primeira vez, o que é amar mesmo que ela jure zangar-se para sempre.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Apenas isso

Amo o que dizes e amo o que escreves porque isso me faz amar os teus silêncios.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Manhã

Acordou de manhã e o mundo era um imenso campo de tulipas. E ela sorriu.

domingo, 30 de novembro de 2008

Saudades de uma grande canção

No último álbum com a formação de sempre, "...Famous Last Words...", Rodger Hodgson despede-se da banda com esta canção belíssima.
Supertramp, "Don't Leave me Now"

Don't leave me now
Leave me out in the pouring rain
With my back against the wall
Don't leave me now
Don't leave me now
Leave me out with nowhere to go
And the shadows start to fall
Don't leave me now
Don't leave me now
Leave me out on this lonely road
As the wind begins to howl
Don't leave me now
Don't leave me now
All alone on this darkest night
Feeling old and cold and grey
Don't leave me now
Don't leave me now
Leave me holding an empty heart
As the curtain starts to fall
Don't leave me now
Don't leave me now
All alone in this crazy world
When I'm old and cold and grey and time is gone...

O tempo à espera

Edward Hopper, Nighthawks 1942

sábado, 29 de novembro de 2008

Saudades de ti

Fausto Zonaro, Museu Sakιp Sabancι

Saudades da beleza

Vincent van Gogh`s "Almond Blossom", Van Gogh Museum

Saudades do mundo

Rembrandt's The Night Watch, Rijksmuseum

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O dia que o ano não quis

Porque tenho agora a certeza que o dia de ontem nunca existiu.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Sem jeito

"Via-a de longe, evitava vê-la de perto, como é que lhe havia de falar? E era como se uma vergonha muito grande, um pecado ou coisa assim, ou uma inferioridade muito baixa e que vinha de uma superioridade muito alta em que eu via Sandra. Eu sentia-me esmagado de humilhação, como é que lhe havia de falar? Quem é que disse que o amor aproxima não sei quê? não é verdade. Sou um homem experimentado - não é verdade. Se eu amasse pouco Sandra, ou não a amasse, era-me muito mais fácil falar com ela, lidar com ela e com a irmã e com quem quer que fosse dela, eu livre e independente. Amar é pôr ao alto e ao longe, treme-se como diante de um deus tresloucado. Amar muito é ter pouco de nós com que se possa ser gente. Amar é ser desgraçado e eu era."

Vergílio Ferreira in "Para Sempre"

domingo, 23 de novembro de 2008

Ensaio sobre várias cegueiras

Não sei o que se poderia esperar de Fernando Meirelles. Um filme sobrevalorizado e um esteticamente irrepreensível depois, nenhum saía de uma competente mediania que volta, com "Ensaio sobre a cegueira", a ser o que mais nos incomoda no realizador brasileiro. Porque os seus filmes estão cheios de boas ideias, visuais e narrativas. Mesmo a muito criticada opção "branca" deste filme - e não esquecendo a dificuldade de adaptar uma obra como esta - é o melhor que ele tem para oferecer, apesar da colagem literal ao conceito do livro. Mas depois, e cá está o incómodo, não há mais nada. Onde o livro tem dor, crueldade, repulsa, angústia, o filme não tem nem dor nem crueldade nem repulsa nem angústia - é apenas uma história em plano suavemente apocalíptico e humanitariamente moralista. Não passa nele e em nós nenhuma emoção.
Mas depois temos a crítica portuguesa. Ou para ser mais justo, a maioria dos críticos de cinema portugueses. Arrumada a questão da qualidade do filme - com alguns pontos de vista divertidos, para usar um eufemismo-, decidiram quase unanimamente dar largas a insuspeitos dotes de crítica literária. Com várias considerações sobre o livro, foi no entanto a mensagem e a forma usadas por Saramago que os parece ter incomodado. Pior, passam a ideia de que não seria nunca possível fazer um bom filme a partir de o "Ensaio sobre a cegueira".
Eu sei que o homem não é uma figura simpática, a vaidade vai incomodando aqui e ali e a ideologia fará o resto.
Sei igualmente que, em vários dos seus livros, as fabulosas ideias de partida nem sempre têm depois qualidade que as sustente. Mas, não nos deixemos também contaminar. José Saramago já nos deu várias obras-primas: O Ano da Morte de Ricardo Reis, O Envahelho Segundo Jesus Cristo, Memorial do Convento e, para sermos simplesmemte justos, Ensaio Sobre a Cegueira.

Can I Stay?


Ray Lamontagne, "Can I Stay"

Can I stay here with you till the morning?
I am so far from home and I feel a little stoned
So can I stay here with you till the morning?
There's nothing I want more than to wake up on your floor
So lay with me in your thinnest dress
Fill my heart with each caress
Between your blissful kisses, whisper
Darling, is this love?

So can I stay here with you, till the day breaks?
There's something you should know
I ain't got no place to go
So can I stay here with you, till the day breaks?
How happy it would make me to see your face when I wake
So lay with me in your thinnest dress
Fill my heart with each caress
Between your blissful kisses, whisper
Darling, is this love?

So can I stay here with you till the nighttime?
I've fallen sad inside and I need a place to hide
So can I stay, here with you, through the nighttime?
I've fallen so sad it's true, now won't you take me to your room
Lay with me in your thinnest dress
Fill my heart with each caress
Between your blissful kisses, whisper
Darling, is this love?

Whisper to me, is this love?

sábado, 22 de novembro de 2008

A aprendizagem de ti




Marillion, "Beautiful"

Everybody knows we live in a world
Where they give bad names to beautiful things
Everybody knows we live in a world
Where we don't give beautiful things a second glance

Heaven only knows we live in a world
Where what we call beautiful is just something on sale
People laughing behind their hands
As the fragile and the sensitive are given no chance

And the leaves turn from red to brown
To be trodden down
To be trodden down
And the leaves turn from red to brown
Fall to the ground
Fall to the ground

We don't have to live in a world
Where we give bad names to beautiful things
We should live in a beautiful world
We should give beautiful a second chance

And the leaves turn from red to brown
To be trodden down
To be trodden down
And the leaves turn from red to brown
Fall to the ground
And get kicked around

You strong enough to be
Have you the courage to be
Have you the faith to be Honest enough to stay
Don't have to be the same
Don't have to be this way
C'mon and sign your name
You wild enough to remain beautiful?
Beautiful

And the leaves turn from red to brown
To be trodden down
Trodden down
And we fall green to red to brown
Fall to the ground
But we can turn it around

You strong enough to be
Why don't you stand up and say
Give yourself a break
They'll laugh at you anyway
So why don't you stand up and be
Beautiful

Black, white, red, gold, and brown
We're stuck in this world
Nowhere to go
Turnin' around
What are you so afraid of?
Show us what you're made of
Be yourself and be beautiful
Beautiful

A suspensão do mundo

Lisboa a vogar nesta manhã suspensa de luz.
Agora sei que o Tejo tem memória e que o teu sorriso terá servido de espelho às águas.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Absoluto silêncio

Monument Valley Navajo Tribal Park, Arizona
Peter Lik

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Depois

Depois das coincidências, das surpresas, dos sorrisos, dos olhares e dos olhares desviados, dos silêncios e das palavras absolutas que nos deixam em silêncio por entre palavras, das canções de olhos molhados e vozes a estalar-nos a pele, depois de raivas que não aguentam a ternura e o riso, depois de nós e do mar e da lua e das manhãs de dias perfeitos escritas num livro, depois de tudo o do tudo que ainda não existiu, não sei a que mais se poderá chamar amor.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Blue


Ryan Adams, "Blue Sky Blues"

Blue sky when you gonna learn to rain?
And let yourself go blue for once
And let go of the weight you've been carrying
In this house, no one goes to sleep for days
Its like were working on a mountainside
Trying not to slide
Into the ocean

I can take care of you
But only if you want
I’m strong enough to carry you
Across the icy lake, across the icy lake
But I cant fight your blues
Cause I know I'll lose
What's left of my mind
I can’t win
But for you I will try
My baby blue

My mountain is hidden in a pile of trees
And its the one I'll have to climb
If I ever wanna see
Over the ocean
Blue sky
When you gonna learn to rain?
And let yourself go blue for once
And let go of the pain?

I can take care of you
But only if you want
I’m strong enough to carry you
Across the icy lake, across the icy lake
But I cant fight your blues
Cause I know I'll lose
What's left of my mind
I can’t win
But for you I will try
My baby blue

Para ti

Posso apenas dar-te a palavra total.
A que resume tudo.
A que deixou o seu nome em tudo o que tinha nome e agora não tem porque apenas ela.
A que juraste não existir apenas porque já a tinhas inventado em mim.
A que me ensinaste lenta e imensamente até ficar ali avulsa nas minhas mãos.
Posso agora dar-te a palavra total.
Faz dela o que quiseres.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Peter Lik


Toda a beleza do mundo disfarçada de fotografia.

Retribuição


Hoje, corri para te levar a ver o mar.

domingo, 16 de novembro de 2008

Da sabedoria dos livros

Ausência
do Lat. absentias. s. f.,

Afastamento de pessoa do lugar em que deveria estar.

sábado, 15 de novembro de 2008

Astronomia

E foi subitamente esse instante. Havia um frio nítido subtil e então a lua soube da nossa vontade de a manter quieta no horizonte nocturno do céu.
Nesse dia a astronomia morreu.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Que farei quando tudo arde?*

Que fazer quando um sentimento anula todos os outros e ainda assim isso faz sentido?
Te reduz a quase nada e no entanto sentes que nunca foste tanto?
Te faz doer o tempo mesmo se odeias que então o tempo exista?
Quando a raiva se desfaz à vista de cada olhar teu apenas porque eu o inventei em veludo lunar?
Que fazer quando tudo é apenas o tudo que tu fizeste existir?

*Título de um livro de António Lobo Antunes

Em teu nome

"...e acirrares-me domesticares-me obrigares-me a ajoelhar. Silêncio - e já falei tanto. Vou pôr na rua da lembrança tudo o que não for a tua nudez, a amargura vexame sofrimento. Mesmo as alegrias que não são para aqui. Preciso tanto de te amar - e como te vou amar? Não sei. Vou-te amar no infinito da tua perfeição."

Vergílio Ferreira in "Em Nome da Terra"

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Flor

E subitamente uma vontade absoluta de oferecer-te uma árvore de onde caíssem flores ao entardecer.
E que dessas flores se visse o mar.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Perfume

A eterna vontade de partir. Só para poder regressar.
E ficarem então só os cheiros e a memória cheia deles - e desta música fabulosa.

Fausto, "Ao Longo de Um Claro Rio de Água Doce"

E parecia aquele Tejo
Este rio doirado
Parecia até que tu vinhas
Comigo a meu lado
Ou seria das flores
E das matas cheirosas
Das madressilvas, dos frutos
Das ervas babosas

E pareciam campinas
Vales tão estendidos
Pareciam mesmo os teus braços
Que me abraçam cingidos
Ou seria das silvas
Do gengibre do benjoim
Do cheiro daquela chuva
Dos cacimbos enfim

Porque haveria de ter saudades tuas
Ao longo de um claro rio de água doce

E parecia verão
No imenso arvoredo
Parecia até que dizias
Qualquer coisa em segredo
Ou seria dos dias
Muito quedos sem fim
Das noites muito melhor
Assombradas assim

Porque haveria de ter saudades tuas
Ao longo de um claro rio de água doce

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Facto

Facto: serás para sempre a mulher da minha vida mesmo que a vida se limite à distância do encantamento.

sábado, 8 de novembro de 2008

Ridículo

Decidir pois o que me orgulha e o que me embaraça. E o que embaraça.
Do que subitamente me entusiasma por dentro e isso não se desfazer em ridículo no teu gostar.
Encontrar o gesto certo. O impulso que envergonhe apenas o teu sorriso.
O que me fará sentir tudo agora porque tudo se esgota em ti. No imenso de ti.
Deixa-me esgotar o ridículo do mundo.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Hoje

"Não posso dar-te mais do que te dou
Este molhado olhar de homem que morre
E se comove ao ver-te assim presente tão subitamente."

Ruy Belo

domingo, 2 de novembro de 2008

Memória


Lizz Wright, Thank You

If the sun refused to shine, I will still be loving you
If the mountains crumbled to the sea, there would still be you and me

Kind man, I give you my all
Kind man, nothing more

Little drops of rain, whispers of the pain
Tears of love lost in days gone by
My love is strong, with you there is no wrong
Together we will go until we die

But my inspiration that's what you are to me
Inspiration, look and see
And now my world it smiles
Your hand in mine, we will walk for miles

Thanks to you it will be done
You are for me the only one

Happiness, no more be sad
Happiness, I am glad

Little drops of rain, whispers of the pain
Tears of love lost in days gone by
My love is strong, with you there is no wrong
Together we will go until we die


Yeah yeah I just want to thank you yeah
Oh oh oh I just want to thank you
Thank you yeah
Yeah yeah

É amor que se diz?

Olho a noite súbita no céu ao alto. Há chuva e frio e um desconforto que não é nosso mas das circunstâncias de sermos. Tiveras talvez uma suave distracção de seres no fantástico de ti. Havia um mundo a decidir e a tua decisão - rápida brusca. Na noite inicial de Inverno.
Mostraste-me então um relógio mágico que, a troco de uma moeda, roubou ao mundo de chuva lá fora uma hora de vida perfeita. Hora absoluta no encantamento de ali estarmos sem mais para lá disso ser tudo. Na emoção
e no riso. Mesmo no olhar que não se aguenta para se continuar a ver em timidez.
É amor que se diz?

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Pelos caminhos de Portugal

Quase a chegar à Serra da Estrela, o meu amigo Nuno Ferreira continua a percorrer Portugal a pé.
E a minha memória afectiva vai estar com ele naquela paisagem de infância.

Textos e fotos no blog http://portugalape.blogspot.com/, diário de viagem do jornalista Nuno Ferreira (ex-Expresso, Ex-Público) que em final de Fevereiro iniciou em Sagres a travessia a pé de Portugal.
O blog inclui alguns videos e também todas as crónicas publicadas entre 1 de Março e 6 de Setembro na revista Única

Entender

E agora entendi depois de não entender e por isso então entender. Desde sempre.
Sinto agora toda a vastidão do mundo.

domingo, 26 de outubro de 2008

Um imenso adeus


Patty Griffin, “You'll Remember"

Maybe one day, along the way
You'll remember me, on this island
Smiling at you, how I used to
Maybe one day, you'll remember

And it won't be sad, to think of all we had
All unhappy ends could be behind us then
Maybe one day, along the way
You'll think of me, and you'll be smiling

Maybe one day, you'll remember

Árvores

Não fosse o céu imensamente azul e o ar tépido solar, a luz parada a flutuar árvores e a coalhar na tua face, e já esta seria sempre uma manhã perfeita de Outono.

sábado, 25 de outubro de 2008

Irrepetível

Esta noite, na Fnac Colombo, Luis Sepúlveda, na apresentação do seu novo livro, "A Lâmpada de Aladino", disse, a propósito de um dos contos nele incluídos, que quem não defende o amor não consegue amar.
A frase, banal, ganhou, na voz lenta e clara do escritor, uma dimensão de crença absoluta.
Porque é amar que é a maior dádiva da vida - não ser amado. Amar é a vida toda ali e nós do lado de fora, a assistir ao excesso e ao infinito que é dela.
Quem ama não existe.
Quem ama deixa de ser.

domingo, 19 de outubro de 2008

Promessa


Ray La Montagne, "Henry Nearly Killed Me (It's A Shame)"

"I seen a lot of living my friend
And this i will repeat
Just because you knock a man down
Don't mean that you got him beat"

Escrita solar

Queria encontrar agora uma razão para te escrever.
Uma razão que dissesse a vontade de te escrever e a que está para lá disso e essa é que é.
Uma razão que explicasse tudo e tu entendesses na impossibilidade de haver uma explicação.
A que revelasse a paixão, mesmo com outro nome. O encantamento e o fascínio.
A que escrevesse, em palavras novas, todo o desejo, amizade, carinho, partilha.
A que sentisse a perfeição do teu corpo a estalar na minha pele.
Do teu modo cortante de ser que me dobra antes da doçura.
Do teu humor que afirmas não ter e me faz rir.
Do teu olhar de estrelas que me devolveu o mar mas dizemos "must be something in the air".
A que te mostrasse as minhas certezas e escondesse os meus medos – enormes imensos.
As decisões só possíveis porque o milagre de ti em mim.

Queria encontrar agora uma razão para te escrever.
A que falasse de tudo em humildade por não saber dizer tudo.
A que reconhecesse por fim que a razão está aí, simples fulgurante.
Na evidência do mistério e do infinito.
Uma razão para te escrever.
A que simplesmente tem o teu nome.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Aperto

Que fazer quando apenas tu no horizonte, tu em cada estrela, em cada reverberação da lua, cada nuvem a passar e a deixar-te em gotas que me escorrem pela face, cada vaga de sol a derramar-se e a cortar o vento que traz cada respirar teu, cada aroma que vem de ti e que muda tudo o que conhecia sobre o sopro do mar?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O álbum do ano

E ontem 2008 acabou como tudo termina quando aos primeiros acordes do novo álbum de Ray La Montagne, "Gossip in the Grain", surge aquela voz.
Esta devia ser a única crítica possível a este disco - e depois apenas o silêncio daquela voz.

You Are the Best Thing

Com dedicatória muito antes de haver esta dedicatória.
De esta música ser ela.


Ray La Montagne, "You Are the Best Thing"

Baby, it's been a long day
Baby, things ain’t been going my way
You know I need you here, you clear my mind
All of the time

And Baby, the way you move me it’s crazy
It’s like you see right through me, you make it easier
You please me, you don’t even have to try

Because
You are the best thing
You are the best thing
You are the best thing
That ever happened to me

Baby, we’ve come a long way
Baby, you know I hope and I pray that you’ll believe me
When I say this love will never fade away

Because
You are the best thing
You are the best thing
You are the best thing
That ever happened to me


Now both of us have known love before
To come on all promising like the spring
Just to walk on out the door
But our hearts are strong and our hearts are kind
Now let me tell you just exactly what is on my mind


Because
You are the best thing
You are the best thing
You are the best thing
That ever happened to me

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Outono

Uma das canções da minha vida

Patty Griffin, "Rain"

It's hard to listen to a hard hard heart
Beating close to mine
Pounding up against the stone and steel
Walls that I won't climb


Sometimes a hurt is so deep deep deep
You think that you're gonna drown
Sometimes all I can do is weep weep weep
With all this rain falling down

Strange how hard it rains now
Rows and rows of big dark clouds
When I'm holding on underneath this shroud
Rain

Its hard to know when to give up the fight
Two things you want will just never be right
Its never rained like it has to night before


Now I don't wanna beg you baby
For something maybe you could never give
I'm not looking for the rest of your life
I just want another chance to live

Strange how hard it rains now
Rows and rows of big dark clouds
When I'm still alive underneath this shroud
Rain Rain Rain


http://www.pattygriffin.com/welcome.php

domingo, 12 de outubro de 2008

Subitamente

E então é este ar que subitamente me dói, a tepidez salgada que me espanta os lábios - o susto imenso de uma vida inteira sem saudades.
E agora é este o ar, este o sabor. Esta a vida toda que me fez perder o tempo e apenas tu sempre.
Às vezes queria lembrar-te de novo, uma ideia fresca de ti como uma noite quente e nova de estrelas e mar.
Abrir uma distração à minha memória e tu não estares nesse instante e eu recordar-te como pela primeira vez fora deste modo contínuo de te pensar.
Mas tu sempre, o teu sorriso a desfazer-me o tempo e apenas as saudades.
Tu sempre.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Soninho

Adoro a tua voz quando o sono a começa a derreter.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Between Jennings And Jones

O melhor álbum Country em muitos anos: Jamey Johnson, "That Lonesome Song"

"High Cost Of Living"

I was just a normal guy
Life was just a nine to five
With bills and pressure
Piled up to the sky
She never asked
She knew I’d be
Hangin’ with my wilder friends
Looking for some other way to fly

And three days straight was no big feat
Could get by with no food or sleep
And crazy was becoming my new norm
I’d pass out on the bedroom floor
And sleep right through the calm before the storm

My life was just an old routine
Every day the same damn thing
I couldn’t even tell I was alive
I tell you
The high cost of livin’
Ain’t nothing like the cost of livin’ high

That southern Baptist parking lot
Is where I’d go to smoke my pot
Sit there in my pickup truck and pray
Staring at that giant cross
Just reminded me that I was lost
And it just never seemed to point the way

As soon as Jesus turned his back
I find my way across the track
Lookin’ just to score . . . another deal
With my back against that damn eight ball
I didn’t have to think or talk . . . or feel

My life was just an old routine
Every day the same damn thing
I couldn’t even tell I was alive
I tell you
The high cost of livin’
Ain’t nothing like the cost of livin’ high

My whole life went through my head
Layin’ in that motel bed
Watchin’ as the cops kicked in the door
I had a job and a piece of land
My sweet wife was my best friend
But I traded that for cocaine and a whore

With my new found sobriety
I’ve got the time to sit and think
Of all the things I had . . . and threw away
This prison is much colder than
That one that I was locked up in just yesterday

My life is just an old routine
Every day the same damn thing
Hell I can’t even tell if I’m alive
I tell you
The high cost of livin’Ain’t nothing like the cost of livin’ high

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Nenhuma dúvida

"Havia a tua beleza um pouco insolente agressiva, era talvez prudente aniquilá-la para que nenhum deus a desejasse. Eras de uma outra natureza de seres viventes, de uma outra ontologia. Como diabo podia eu ascender a ti com o meu desastre de ser humano?"

Vergílio Ferreira in "Em nome da terra"

Inevitável

Amar-te é um absoluto que seria sempre inevitável se um dia existisses.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

The Bridges of Madison County

E de repente o rosto de Meryl Streep é toda a chuva que cai lá fora. No carro parado no semáforo,
a sua mão tem a vida toda agarrada ao fecho da porta.
Numa das cenas mais fabulosas de toda a história do cinema, a voz-off de Meryl Streep tem o absoluto do Homem, da nossa medida:
"I heard his voice coming back to me: this kind of certainty comes once in a lifetime."

Solidão

"Nenhum homem deveria passar pela vida sem experimentar pelo menos uma vez a saudável e até aborrecida solidão"
Jack Kerouac

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Perfeita ainda assim

Se passou o tempo de seres perfeita, porque se suspende o mundo a cada lembrança, a cada aragem?
Se passou o tempo de seres perfeita, porque me sufoca o tempo com a tua perfeição?

Leve


James, "Waltzing Along"

Help comes when you need it most
I'm cured by laughter
Mood swings, not sure I can cope
My life's in plaster, in plaster

May your mind be wide open
May your heart beat strong
May your minds will be broken
By this heartfelt song

These wounds are all self-imposed
Life's no disaster, disaster
All roads lead onto death row
Who knows what's after

May your mind be wide open
May your heart beat strong
May your minds will be broken
By this heartfelt song

May your mind set you free
May your heart lead you on
May your mind let you be (be opened by the wonderful)
May your heart lead you on
May your mind set you free (be opened by the wonderful)
May your heart lead you on
May you mind be opened by the wonderfull

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

In Memory of LeRoy Moore (Dave Matthews Band) 1961-2008


Dave Matthews, "Gravedigger"

Cyrus Jones, 1810 to 1913

Made his great grandchildren believe
You could live to a hundred and three
A hundred and three is forever when you're just a little kid
So Cyrus Jones lived forever

Gravedigger
When you dig my grave
Could you make it shallow
So that I can feel the rain
Gravedigger

Muriel Stonewall, 1903 to 1954
She lost both of her babies in the second great war
Now you should never have to watch
Your only children lowered in the ground
I mean you should never have to bury your own babies


Gravedigger
When you dig my grave
Could you make it shallow

So that I can feel the rain
Gravedigger


Ring around the rosey
Pocket full of posey
Ashes to ashes
We all fall down

Gravedigger
When you dig my grave
Could you make it shallow
So that I can feel the rain

Gravedigger

Little Mikey Carson, 67 to 75
He rode his bike like the devil until the day he died
When he grows up he wants to be Mr. Vertigo on the flying trapeze
Ohhh, 1940 to 1992

Gravedigger
When you dig my grave
Could you make it shallow

So that I can feel the rain
Gravedigger

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Subtil

E agora não me perguntem as diferenças.
Mas não são saudades tuas que eu sinto - são saudades de ti.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Estrada Nova

">

Meg Hutchinson

"Come Up Full" (álbum de 2008)
Uma das melhores canções ouvidas em 2008


"Good Day to Die"

Today would be a good day to die
Don’t get me wrong I adore this life
But as they check the engine on this little tiny plane
I think my God I wouldn’t change a single thing

If today the propeller should just fall into the sea
I’d go tumbling down with a certain kind of peace
Pretty lady showing us the life vest
Doesn’t scare me much the thought of using this

Today would be a good day to die

I’d like another sixty years if something wills it so
Make a lot of music and some babies too
But if I should cross, over on this ride
I know they’d greet me there on the other side
Grandmother meet me on the other side

Today would be a good day to die
Oh….

Spent the night with a new lover in my bed
Good the things we get to keep only for an instant
I’m not saying this life hasn’t also hurt me so
Always this awkwardness it makes me grow

This year my highs have been higher
I’ve reached the lowest kind of low
Then I fell through the bottom and sorta
Started to float
What’s this bird in my chest?
What’s this weight in my arms?
When I think of your hands it makes me tremble some

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Estrada Nova


Oswaldo Montenegro

Eu conheço o medo de ir embora
Não saber o que fazer com a mão
Gritar pro mundo e saber
Que o mundo não presta atenção

Eu conheço o medo de ir embora
Embora não pareça, a dor vai passar
Lembra se puder
Se não der, esqueça
De algum jeito vai passar

O sol já nasceu na estrada nova
E mesmo que eu impeça, ele vai brilhar
Lembra se puder
Se não der esqueça
De algum jeito vai passar

Eu conheço o medo de ir embora
O futuro agarra a sua mão
Será que é o trem que passou
Ou passou quem fica na estação?

Eu conheço o medo de ir embora
E nada que interessa se pode guardar
Lembra se puder
Se não der esqueça
De algum jeito vai passar

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Convite

Lembra-se que naquela noite de insónia e "Perfume" sentiu uma vontade imensa de um convite - queres ir ver o vento?

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Silêncio

"Veio-me hoje uma vontade enorme de te amar".
Vergílio Ferreira in "Em Nome da Terra"


Amei a noite de ontem.
Cada olhar teu.
Cada gota de chuva.
Cada luz e cada nuvem.
Cada luar a confundir-nos a ponte.
Cada barco que passou num silêncio lunar.
Cada luz a acender e cada sombra a desvanecer-se.
Cada subtil sopro dos teus lábios perfeitos em arrepios perfeitos.
Cada dança morna lenta.
Cada tremura dos meus dedos a riscarem os teus lábios.
Cada mergulho e os teus ombros numa eternidade sem fôlego.
Cada sorriso entre silêncios corados.
Cada suspensão do mundo nas tuas mãos.
Cada abraço e o mundo parado.

Extático. Estático. À espera - o rio era um rectângulo no teu olhar e as águas também paradas.
Amei a noite de ontem.
Amei quem a desenhou.

A noite

E agora as noites serão sempre clarões brancos de gaivotas na vastidão de estrelas.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

O álbum do ano

Sai no dia 30 de Setembro de 2008 o álbum do ano:
Ray Lamontagne, "Gossip in the Grain".


Tracklisting:
1. Let It Be Me
2. Hey Me, Hey Mama
3. Sarah
4. I Still Care For You
5. Winter Birds
6. Meg White
7. Achin’ All The Time
8. Henry Nearly Killed Me (It’s A Shame)
9. A Falling Through
10. Gossip In The Grain

http://raylamontagne.shop.musictoday.com/Dept.aspx?cp=743_14130

quarta-feira, 30 de julho de 2008

O início


Lucinda Williams, "Essence"

Baby, sweet baby, you're my drug
Come on and let me taste your stuff

Baby, sweet baby, bring me your gift
What surprise you gonna hit me with

I am waiting here for more
I am waiting by your door
I am waiting on your back steps
I am waiting in my car
I am waiting at this bar
I am waiting for your essence

Baby, sweet baby, whisper my name
Shoot your love into my vein

Baby, sweet baby, kiss me hard
Make me wonder who's in charge

I am waiting here for more...



Baby, sweet baby, I wanna feel your breath
Even though you like to flirt with death

Baby, sweet baby, can't get enough
Please come find me and help me get fucked up

I am waiting here for more...


Your essence
Your essence

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A mais bela canção do mundo?


Ray Lamontagne, "Lesson Learned"

Well the truth it fell so heavy
Like a hammer through the room
That I could choose another over her
You always said I was an actor, baby
Guess in truth you thought me just amateur

That you never saw the signs
That you never lost your grip
Oh, come on now
That's such a childish claim
Now I wear the brand of traitor
Don't it seem a bit absurd
When it's clear I was so obviously framed
When it's clear I was so obviously framed

Now you act so surprised
To hear what you already know
And all you really had to do was ask
I'd have told you straight away
All those lies were truth
And all that was false was fact

Now you hold me close and hard
But I was like a statue at most
Refusing to acknowledge you'd been hurt
Now you're clawing at my throat
And you're crying all is lost
But your tears they felt so hot upon my shirt
But your tears they felt so hot upon my shirt

Well the truth it fell so heavy
Like a hammer through the room
That I could choose another over her
You always said I was an actor, baby
Guess in truth you thought me just amateur

Was it you who told me once
Now looking back it seems so real
That all our mistakes are merely grist for the mill
So why is it now after I had my fill
That you steal from me the sorrow that I've earned
Shall we call this a lesson learned?
Shall we call this a lesson learned?



Plano de viagem

Nunca vogaria a sul desta imensidão de estrelas só para te conquistar - era apenas o que faria depois de te ter conquistado.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Nova verdade absoluta

Ir até ao fim do país por uma palavra: tê-la em mim para sempre.
Depois o mar e uma lua a vogar entre gaivotas nocturnas debaixo de todo este céu - e a palavra ali,

no mundo de repente tão lento perfeito.
Como te amo nesta palavra.



segunda-feira, 21 de julho de 2008

Verdade absoluta

"A vida inteira para dizer uma palavra!
Felizes os que chegam a dizer uma palavra!”
Saúl Dias, "Vislumbre"

sexta-feira, 18 de julho de 2008

A noite das luas cheias


Lizz Wright, "Coming Home"

Coming home to your shelter
Coming home where I stay
I go down in your water and I won't turn away

Coming back to your calling
I can hear your voice say
Coming home for tomorrow from my dreams of yesterday

You may not understand me but I hear you so well
Your voice comes in the cold wind , a tune I know so well
I can see you through any darkness
Your light it leads me on

I'm coming back to your orchard
Coming back to my home

People ask me where are you going, and I know I know what they think
I get tired , tired of their questions so I must find a way

To meet you down at the old grounds, where we used to pray
I'm coming home for tomorrow from my dreams of yesterday

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Concerto

Algés. 12 de Julho de 2008. 23 horas e 50 minutos. Há o rio que termina e uma lua quase cheia. E o vento, sempre.
Neil Young termina o concerto na última noite do Optimus Alive!08. Nas mãos uma guitarra já sem cordas.
O concerto da noite. O concerto da minha vida?

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Eu a dizer

E agora venho à varanda.Está uma noite morna de estrelas. Ao longe, recortado no escuro, o bosque adensa o mistério e o susto. São árvores negras cerradas redondas, estão ali para haver mais céu e estrelas e isso ser real. É uma noite límpida e de súbito tu. Apareces bela e absoluta na tua beleza – e agora?
Devia convocar poetas e todos os poemas definitivos onde habitas desde a eternidade e que foram escritos porque tu existes. Ou os músicos e todas as melodias perfeitas que o são porque os deuses as cantaram e o teu nome vinha nas vozes do mundo. Ou os escritores que te romancearam e os pintores que também, mas em míriades de pura luz.
Mas agora estou parado à varanda e tenho a noite para ti. E ser eu. Ser eu a dizer-te o maravilhoso desde as primeiras palavras, o primeiro sorriso, a vida a revelar-se-me a cada lembrança tua, cada partilha, cada desejo e emoção e alegria. Desde o primeiro chá e café e filme e antes disso. Muito antes. Dizeres vou descer e o meu encantamento em ter-te breve a meu lado, o meu fascínio aflito.
A noite estrelada e fixa na minha memória, Um céu imenso e vazio mas agora não. Há uma lua quente cheia lunar. Só nós a vemos. E enquanto a olho, de repente. O mar. Está uma tarde linda e o mar imenso quente de sol no horizonte. E tu aí, insinuada à beleza que talvez venha das águas mas não sei bem.
E depois, e depois. A comoção dos dias nesta noite parada. As árvores ao longe, o meu olhar alonga-se até ao infinito e a paixão com ele, súbita intensa súbtil, espraia-se pura e suave. Terna.

E agora eu a dizer. E dizer e dizer-te que o mundo e a vida e tu no começo de tudo e finalmente isso ser verdade.
Na noite morna de estrelas, estou à varanda. Uma breve agitação no ar, um sussurro de vento talvez. Mais nítido agora, são palavras cheias e finais, estou a reconhecê-las, alguém as escreveu no meu escrever e disse diz-lhe. Diz-lhe, agora. "Veio-me hoje uma enorme vontade de te amar".
E eu disse.

Na paixão pura imensa.
Imensa.

Um mundo perfeito

Não teve dúvidas de que a amaria para sempre quando soube que aquele beijo seria absoluto, perfeito.
Mesmo que nunca viesse a acontecer.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Um imenso reflexo

- Agora vou mostrar-te o mar de que me falaste.
- Está bem.
- E esta é a varanda onde um dia nos descreveste.
- Eu sei, desenhei-a em cada palavra que escrevi.
- Não te lembras de aqui ter estado?
- Lembro-me. Mas não me recordo de a ter visto.
- Nem do mar?
- Não.
- Jura que é verdade?
- Juro.
- Vamos então agora olhar o mar.
- Sim.
- Ficamos de pé junto ao varandim, queres?
- Preciso apenas de te ter a meu lado, para te poder ouvir os silêncios.
- Olha então agora.
- Estou a olhar.
- Sentes o cheiro a maresia?
- Sim. Adoro-o.
- Eu também. Queres inspirar fundo?
- Sim, e sinto também o teu cheiro quando o mar se esquece.
- E ouves o rumor das águas?
- Ouço.
- Podíamos ficar agora um pouco em silêncio.
- Está bem.
- Queres agora ver o sol?
- Podemos olhar?
- Sim. Se reparares, ele está a chegar ao horizonte.
- Vejo o mar a explodir de cor.
- É o momento mais perfeito do dia.
- O dia foi tão perfeito.
- Sentes isso?
- Sim. E agora a noite vem aí.
- Vem ainda olhar o sol a tornar-se mar.
- Estou a olhar e a pensar muito.
- Diz-me.
- Os abraços foram inventados para este momento.
- Talvez.
- Juras que a noite vai ser perfeita?
- Juro.
- Como podes ter a certeza?
- Sempre o foram desde que nos conhecemos.
- Eu sei.
- Sentes esta brisa?
- Tinha-a sentido nos teus cabelos.
- Vem talvez do fim do mar, da queda súbita do sol.
- Nunca tinha pensado nisso.
- Não vês que é morna?
- Vejo. Sinto-a de novo nos teus cabelos.
- Exagerado.
- É verdade.
- Está bem. Mas agora vamos esperar pelas estrelas em silêncio.
- Estou calado.
- Já te disse que te adoro?
- Assim não estamos em silêncio. Mas tambem te adoro com outra palavra mas agora não é suposto falarmos.
- Tens razão.
- Está bem.
- Vês ao alto as primeiras estrelas a cintilar?
- Vejo-as. O céu é sempre assim tão belo antes de ser negro?
- É. Mas se não fosse, eu iria torná-lo sempre assim para ti.
- Prometes?
- Não é preciso, já o estou a fazer.
- Apetece-me sorrir.
- Vês agora aquela mais brilhante por cima do mar ao fundo?
- Vejo e quero que tu a vejas melhor.
- Sim.
- Notas que não cintila?
- Sim.
- É um planeta, talvez Vénus, reflecte a luz do sol que já não vemos.
- Achas que é Vénus?
- Tenho de ver melhor mas agora quero que seja.
- Vais oferecer-mo e dizer que o puseste lá para mim?
- Talvez, se me chamares exagerado.
- Nesta noite, não há lugar ao exagero.
- Está bem.
- Achas que se olharmos o céu podemos saber se vamos ser felizes?
- Não sei, talvez. Eu estou feliz.
- Por estares aqui?
- Sim. Contigo.
- Estás apaixonado por mim?
- Estou assustado.
- Assustado?
- Custa-me apenas pensar que nunca estive.
- Porque dizes isso?
- Pelo que sinto agora.
- E sentes-te apaixonado?
- Sim. Muito.
- Exagerado.
- Já tinhamos falado que hoje não.
- Eu sei, desculpa. Mas não sinto isso.
- Acho que tens medo de sentir.
- E tu, não tens?
- Tenho apenas medo das certezas que vêm de ti.
- Deixa-me sentir um pouco a noite.
- Está bem.
- Achas que também estou apaixonada?
- Só posso responder pelos teus olhos.
- E o que eles te dizem?
- O que os teus lábios irão ter também de dizer.
- Achas que ainda não disseram nada?
- Talvez um pouco. Lembro-me de um arrepio.
- Não quero agora corar.
- Ou de quando jantámos.
- Gostaste de jantar comigo?
- Se dissesse apenas que sim, estaria a ser injusto com todos os outros momentos, todos os segundos.
- Mesmo os cinemas, os cafés, as conversas longas, as provocações, os olhares lentos?
- Todos os segundos.
- Escolhes um momento para mim?
- Escolho.
- Para sempre como uma tatuagem?
- Sim.
- Diz-me.
- Lembro-me da alegria indizível de quando tivemos o fim do Tejo no olhar.
- Tenho-a agora aqui, sinto-a nesta humidade súbita.
- Queria explicar-te melhor, mas tenho de fechar os olhos.
- Eu sei. Vamos ficar assim.
- Está bem.
- Queres de novo olhar o mar?
- Sim.
- E vermos todas as estrelas e constelações?
- Sim.
- Abre então os olhos comigo, devagar.
- Estou a começar a ver as águas.
- Vês os brilhos nelas?
- Sim. É apenas o reflexo das estrelas, repara.
- Deixa-me olhar melhor.
- Está aí o céu todo, o mar é agora então um firmamento espelhado.
- Estás a falar verdade?
- Nunca te menti.
- Mas há ali um negro mais vísivel e profundo, consegues ver?
- Sim, estou a ver.
- Como quando é lua nova?
- Sim, mas falta ali uma estrela no reflexo do mar.
- E agora?
- Não sei. Talvez tenhamos de a colocar lá.
- Talvez. Fazias isso por mim?
- Fazia tudo por ti.
- Juras?
- Juro.
- E agora?
- Agora vou estender a minha mão até encontrar a tua.
- Sinto a tua pele suavemente na minha.
- É quente a tua mão, doce.
- Sentes o arrepio?
- Sim.
- E depois?
- Depois ficamos de mão dada a olhar as estrelas e o mar. Longamente.
- Já não falta nenhuma estrela?
- Agora, não. Olha comigo.
- Sim. Está um céu límpido e perfeito.
- Queres que nasça agora a lua?
- Muito.
- Vou fazê-la nascer cheia sobre as águas ao longe.
- Queria sentir-lhe o calor na minha face como quando pousas a tua mão.
- Está bem.
- Não tens medo que o mundo acabe agora?
- Não, sempre quis que acabasse assim.
- Junto de mim? Apaixonado?
- Sim. Junto a ti. Tudo o resto está no absoluto de estarmos de mão dada. Simplesmente.
- Nunca imaginei ser tão bom sentir a tua mão.
- E acreditas no que ela te diz?
- Começo a acreditar.
- Está bem.
- Achas mesmo que o mundo pode acabar?
- Não.
- Juras?
- Juro.
- Prometes-me então agora uma coisa que está prometida desde a eternidade?
- Sim.
- E que só o vais fazer para mim, agora e para sempre?
- Sim.
- E que nunca o fizeste antes?
- Sim.
- Prometes-me então que o mundo vai agora parar?
- Prometo.
- E que o universo vai mesmo ficar suspenso?
- Prometo.
- Dá-me mais um momento para sentir ainda a tua mão. E o teu olhar.
- Temos a vida toda.
- Apenas quero uma certeza. Agora.
- Diz.

- Ter agora a certeza absoluta, total, de que os teus lábios vão ser sempre, sempre apenas o reflexo dos meus.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Portugal a pé

Todas as semanas, na revista Única do jornal "Expresso", uma crónica de um Portugal a desvanescer-se. O jornalista Nuno Ferreira percorre Portugal a pé, e nós vamos com ele.

A vida toda

"E a certa altura não pude mais. E disse, e disse, secretamente, dificilmente.
E disse. Devagar,
- Amo-te.
E ela sorriu.
- Também te amo.
Uma palavra. Disse-a. Amo-te - uma palavra breve.
Quantos milhões de palavras eu disse durante a vida. E ouvi. E pensei. Tudo se desfez.
Mas houve uma palavra - meu Deus. Uma palavra que eu disse e repercutiu em ti, palavra cheia, quente de sangue, palavra vinda das vísceras, da minha vida inteira, do universo que nela se conglomerava, palavra total.
Uma palavra. Amo-te.

Vergílio Ferreira in "Para Sempre"

sexta-feira, 4 de julho de 2008

CD's - o melhor de 2008 (até agora)

Num ano até agora sofrível, os melhores que ouvi nos primeiros 6 meses:

BLACK KEYS, THE - Attack and Release
COLDPLAY - Viva La Vida Or Death And All His Friends
DRIVE-BY TRUCKERS - Brighter Than Creation's Dark
EMMYLOU HARRIS - All I Intended to Be
ERIC BIBB - Get on Board
GARY LOURIS - Vagabonds
JAMES - Hey Ma
JAMES MCMURTRY - Just us Kids
JUSTIN TOWNES EARLE - The Good Life
KATHLEEN EDWARDS - Asking For Flowers
KATHY MATTEA - Coal
LIZZ WRIGHT - Orchard
OTIS TAYLOR - Recapturing the Banjo
RAY BONNEVILLE - Goin' By Feel
TIFT MERRITT - Another Country


Os que mais se se recusaram a deixar de ser onvidos:
ERIC BIBB, TIFT MERRITT, LIZZ WRIGHT

terça-feira, 1 de julho de 2008

Agora.
Agora ainda é noite e ele lembra-se de quando se sentiu a vogar num céu de veludo lunar.
Acordara com a certeza de um presságio e deu consigo a olhar pensamentos no escuro nocturno.
Depois, quando voltaram a existir estrelas, sentiu-lhe o calor dos dedos a percorrer as suas mãos.
Lembra-se de haver mar e Inverno e de estarem sós no mundo.
E de ter então decidido que seria uma madrugada quente e perfeita de Verão.

Talvez por isso acreditara sentir uma brisa morna quando os lábios dela lhe afloraram a pele num sopro de aragem pura.
E, quando a brisa se tornou sufocante, olhou-a longamente e foi de certeza pelo halo das estrelas que percorreu todo o seu corpo quase sem lhe tocar - apenas um arrepio de pele.
Recorda-se perfeitamente do momento em que os lábios lentos planantes nos dela porque sentiu a lua a nascer absoluta no horizonte.
E de que ficaram assim muito tempo e apenas as mãos.
E jura agora então que tudo parou e apenas o silêncio para que não tivessem de falar.
E jura agora que lhe tocou na face e teve a certeza de estarem suspensos num vôo de veludo lunar.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Ele quis acreditar que ela não reparou. E soube.
Soube que quando ela decidiu fugir da sua vida, não notou que levou a dele com ela.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

E agora

E agora a minha proposta de sonhar num tempo de sonho infinito - o do espanto, sempre.
Mesmo quando parece já que não e afinal.
Queria encontrar a palavra que falasse do encantamento absoluto e total.
Uma que dissesse obrigado e que dissesse tudo o resto e que esse tudo é que fosse o que dissesse tudo.
A que falasse do inesgotável de ti. De ti. Inesgotável.
A que mostrasse como me é inesgotável adorar-te.
Sempre.
Para sempre.