E agora páro o carro e uma vastidão imensa de horizontes. A estrada são duas linhas infinitas a desaparecer na aridez ao longe. Saio para o ar quente parado e o mundo suspenso a toda a volta. Subitamente, no carro, o rádio enrouquece a voz de Lucinda Williams – “I am waiting for your essence”. E é aqui que eu quero ficar - com toda esta luz, todo este silêncio. Todo este céu.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Agora.
Agora ainda é noite e ele lembra-se de quando se sentiu a vogar num céu de veludo lunar.
Acordara com a certeza de um presságio e deu consigo a olhar pensamentos no escuro nocturno.
Depois, quando voltaram a existir estrelas, sentiu-lhe o calor dos dedos a percorrer as suas mãos.
Lembra-se de haver mar e Inverno e de estarem sós no mundo.
E de ter então decidido que seria uma madrugada quente e perfeita de Verão.

Talvez por isso acreditara sentir uma brisa morna quando os lábios dela lhe afloraram a pele num sopro de aragem pura.
E, quando a brisa se tornou sufocante, olhou-a longamente e foi de certeza pelo halo das estrelas que percorreu todo o seu corpo quase sem lhe tocar - apenas um arrepio de pele.
Recorda-se perfeitamente do momento em que os lábios lentos planantes nos dela porque sentiu a lua a nascer absoluta no horizonte.
E de que ficaram assim muito tempo e apenas as mãos.
E jura agora então que tudo parou e apenas o silêncio para que não tivessem de falar.
E jura agora que lhe tocou na face e teve a certeza de estarem suspensos num vôo de veludo lunar.