E agora páro o carro e uma vastidão imensa de horizontes. A estrada são duas linhas infinitas a desaparecer na aridez ao longe. Saio para o ar quente parado e o mundo suspenso a toda a volta. Subitamente, no carro, o rádio enrouquece a voz de Lucinda Williams – “I am waiting for your essence”. E é aqui que eu quero ficar - com toda esta luz, todo este silêncio. Todo este céu.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Agora

Saudades tuas. De ti. Do teu sorriso. De te ver sorrir. De me fazeres sorrir. Do teu olhar. De te olhar. De quando baixavas os olhos. De quando desviava o olhar. E coravas. E corava. De seres irrequieta. E de não seres. E doce. E eu derreter. E tu também. De nunca derreteres. Saudades do cinema. E dos filmes. E das lágrimas para não rirmos sempre. E de rirmos. E de te zangares. De me zangar. De nunca nos zangarmos. E de todas as surpresas. De te ver surpreendida. De te imaginar surpreendida. De me surpreender. Saudades dos teus ombros. Do seu desenho nos meus lábios. E da tua face da minha mão. De darmos as mãos. E de nos calarmos. Saudades do silêncio. Desse silêncio solar. Saudades de palavras. Das tuas palavras. E de canções. De fazê-las tuas. E mais minhas. Sinto saudades das certezas. Das dúvidas que elas trazem. E de manhãs de luz. Da tua luz. Do teu olhar nunca anoitecer. Das suas estrelas. Saudades de existirem árvores. E flores. De aqui haver um rio. Ou apenas a tua beleza. De o atravessarmos. De o termos inventado. De ele ter barcos. E uma ponte. E uma cidade do outro lado. E nuvens roubadas a um quadro. Das tardes imensas. Dos dias nunca terminarem. De os prolongarmos. Saudades de estares ali. E de sentir saudades por isso. E de depois ter saudades. De ti. Do mar. Da areia. Das gaivotas a unirem constelações. Da lua. Saudades de ti. Tuas.
De tu seres o mundo.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Bad Things


Grande música e grande letra do genérico inicial de "True Blood"

Jace Everett, "Bad Things"

When you came in the air went out
And every shadow filled up with doubt
I don't know who you think you are
But before the night is through
I wanna do bad things with you

The kind to sit up in his room
Heart sick and eyes filled up with blue
I don't know what you've done to me
But I know this much is true
I wanna do bad things with you

When you came in the air went out
And all those shadows
There are filled up with doubt


I don't know who you think you are
But before the night is through
I wanna do bad things with you
I wanna do real bad things with you

I don't know what you've done to me
But I know this much is true
I wanna do bad things with you
I wanna do real bad things with you

True Blood

Vai começar a 2ª temporada de uma fantástica série da HBO (por cá começou agora a ser exibida a primeira, no canal MOV): TRUE BLOOD.

História moderna de vampiros, passada no Louisiana, tem um grande générico inicial (ver acima) e uma banda sonora que viaja pelo melhor das raízes da música americana (Country, New Orleans Jazz, R&B, Southern Soul, Blues). Na banda sonora: Lucinda Williams, Lee Dorsey, Jace Everett, Ryan Adams, John Doe, Little Big Town, Allen Toussaint.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Eternidade

Peter Lik, "Eternity"

domingo, 17 de maio de 2009

A certeza numa grande canção


Depeche Mode, "Its No Good"

I'm going to take my time
I have all the time in the world
To make you mine
It is written in the stars above
The gods decree
You'll be right here by my side
Right next to me
You can run, but you cannot hide

Don't say you want me
Don't say you need me
Don't say you love me
It's understood
Don't say you're happy
Out there without me
I know you can't be
'cause it's no good

I'll be fine
I'll be waiting patiently
Till you see the signs
And come running to my open arms
When will you realise
Do we have to wait till our worlds collide
Open up your eyes
You can't turn back the tide

Don't say you want me
Don't say you need me
Don't say you love me
It's understood
Don't say you're happy
Out there without me
I know you can't be
'cause it's no good


I'm going to take my time
I have all the time in the world
To make you mine
It is written in the stars above

Don't say you want me
Don't say you need me
Don't say you love me
It's understood
Don't say you're happy
Out there without me
I know you can't be
'cause it's no good

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Infinito

E quando alguém escreve tudo em algumas palavras?
E tudo o resto são apenas coisas que não precisavam ser escritas?
"Querida. Veio-me hoje uma vontade enorme de te amar. E então pensei: vou-te escrever. Mas não te quero amar no tempo em que te lembro. Quero-te amar antes, muito antes. É quando o que é grande acontece. E não me digas diz lá porquê. Não sei. O que é grande acontece no eterno e o amor é assim, devias saber. Ama-se como se tem uma iluminação, deves ter ouvido. Ou se bate forte com a cabeça. Pelo menos comigo foi assim. Ou como quando se dá uma conjunção de astros no infinito, deve vir nos livros. Ou mais provavelmente esse tempo nunca pôde existir, que é quando realmente existe o que vale a pena existir."


Vergílio Ferreira in "Em nome da terra"

domingo, 10 de maio de 2009

O tempo lento

Não me dês um mundo perfeito.
Um mundo onde não ouvisse os teus nãos, as tuas palavras secas agrestes.
Onde não visse o olhar que às vezes me fere.
Um mundo onde não lesse apertos de coração, não sentisse ciúmes, as saudades não doessem mesmo que ardam violentas e por isso doam tanto.
Um mundo onde dissesses sim e sorrisses para que o sim fosse verdade e de novo dito sem dizeres.
Um mundo onde os teus lábios e as tuas mãos e a tua pele estivessem na memória dos meus lábios e das minhas mãos e da minha pele.
Não me dês um mundo perfeito.
Um mundo só com noites de lua absoluta e dias grandes de sol.
E de estrelas e de ti na que trouxesse o milagre da beleza inicial.
Um mundo de gostos puros mesmo quando não gostamos e por isso adoramos ainda mais.
Onde um beijo durasse o tempo lento de um abraço e de um beijo.
Mas não me dês um mundo perfeito - num mundo perfeito estavas só no universo.
Só.
Sem mim que o suspenda.
E agora dá-me um mundo perfeito.

Secção "Era matá-los a todos!"

E não se pode exterminá-las, a estas duas frases?
  • Cada caso é um caso.
  • Isso vale o que vale.

sábado, 9 de maio de 2009

Da imensa impossibilidade

Com a lua assim a explodir de névoa neste céu de bruxinhas, era suposto um feitiço imenso dissipar-se?

domingo, 3 de maio de 2009

Ao contrário

E um dia vês um dia perfeito ao contrário.

O mar

Se um dia amar alguém que me faça ir ao fim da terra, aproveitarei o começo do mar para lhe pedir namoro.

Nenhum tempo

Quem diz que o tempo cura tudo e mesmo a distância? Não é verdade. O tempo só esquece o que inevitavelmente é de esquecer. Ou mesmo o que nunca devia ter sido a nossa vida e foi.
Talvez por isso a memória sobra-nos apenas em imagens avulsas de momentos alegres felizes sem nada à volta.
E no entanto. Um dia percebes que o tempo não te vence. Resguardas-te dele e aproveitas mesmo a distância para ajudar no que puder.
Tens a memória a transbordar mesmo que passes o tempo a jurar que tudo te começa apenas no segundo a seguir. Sabes do absoluto e do imenso e de toda a perfeição do mundo e entendes então que o tempo não é da ordem do eterno.
Está um dia perfeito de sol e mar e vou talvez agora acreditar que o tempo vai curar tudo - p
ena eu só ter esta vida.